Depoimentos
DEPOIMENTOS
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Escrever poesia: coisa
muito bonita, muito potente. Uma eletiva que cria brechas para que isso
aconteça, possibilitando que eu ande de mãos dadas com a loucura nesse processo
de criação poética, que corpos me afetem, e eu os afete também, é uma maravilha.
Desse modo, ao escrever, não vejo como uma forma de obter boas notas, mas como
uma forma informe de continuar experimentando por aí, porque tudo o que toca
vai muito além da sala de aula. Portanto, escrever — sobretudo poesia — é uma
urgência do aqui: a vida vivível.
– k²
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DE REPENTE, VIREI POETA
O que é a poesia? Palavras
combinadas para fazer rimas? Palavras objetificadas para declarações de amor?
Versos e estrofes indecifráveis? Um teste de nível de inteligência ou de
loucura? Essas foram algumas das questões que, desde a minha infância, passaram
pela minha cabeça.
Soube, em Experimentações
Poéticas do Sensível, no entanto, que a poesia é o que é! Sem regras, sem
cobranças, sem diretrizes, sem verdades, sem mentiras. O que é a poesia se não
o todo e o nada? Em sua total simplicidade e complexidade, ela é!
Há alguns anos, se alguém
me falasse: “um dia, você vai ser poeta!”, eu iria rir. Não! Melhor, eu iria
gargalhar! Essa seria minha reação diante da dificuldade de reconhecer que até
o farfalhar das árvores, escritos numa folha de papel, vira poema.
Experimentações me apresentou, ainda, uma
nova perspectiva sobre a poesia e, através disso, aprendi a acolher e a amá-la
como uma filha. O processo não foi fácil, claro, escrever o primeiro verso foi uma
tarefa árdua, o segundo não foi menos complicado, muito pelo contrário.
Como diz Audre Lorde: “Essa
destilação da experiência da qual brota a verdadeira poesia faz nascer o
pensamento... tal como o conhecimento faz nascer a compreensão.” Compreendi,
numa delicadeza desigual, que a poesia não precisa ser compreendida, apenas
lida e aceita.
É preciso permitir que ela,
sem nossos esforços mentais, se apresente e cause rebuliços em nosso infindável
sentir. Depois dos primeiros versos, aprendi a me permitir. Deixei-me ser
levada para dentro das estrofes que me acolhem, me remexem, me desnuda e/ou me
aquece.
— De repente, virei poeta!
Alice Rocha
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Ao decorrer da disciplina
"Experimentações Poéticas do Sensível", ministrada pelo professor
antonio carlos sobrinho, pude mergulhar mais profundamente no fazer poético,
explorando aspectos de mim mesmo que antes pareciam inacessíveis. Eu sempre
escrevi, mas nunca me vi como poeta - essa identidade parecia distante, quase
impossível de alcançar. No entanto, as discussões teóricas, as leituras
cuidadosas e as criações que emergiram ao longo das aulas me mostraram que a
poesia não precisa ser algo inalcançável.
O olhar atento do professor
a abordagem sensível da disciplina me ajudaram a perceber que desenhar poesia,
tanto na escrita quanto no sentir, é um exercício contínuo de descoberta.
Através desse processo, fui capaz de acessar camadas emocionais e criativas que
antes eram opacas. Hoje, vejo que a poesia está ao nosso redor, esperando ser
captada, e que posso, sim, ser um poeta em constante experimentação.
Cadu Marinho
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SOBRE O FAZER POÉTICO
No início era o medo [MUITO MEDO].
Nunca havia feito poesia, nem sonhava. Saltei. Mas, aconteceu algo quando
comecei a escrever, à medida que me envolvia fui gostando. Uma “força
estranha", como diz a canção, me arrastava como um imã. A eletiva e o modo
como foi conduzida, foi fundamental nesse processo. Então é isso, acho que sou
poeta.
erinaldo araújo
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Nunca escrevi ambicionando muitos
leitores, para ser honesto comigo mesmo, nunca desejei leitor algum além de um
ou dois amigos. Escrevo aquilo que gostaria de ler, portanto são sempre
escritos meus, para mim. Quando me matriculei na disciplina, não imaginei que
uma das atividades que comporia nota seria o compartilhamento de textos
literários nossos com toda a turma — até então, eu tinha contado nos dedos as
pessoas que já tinham lido algo meu, — nunca fiquei tão nervoso. Me senti uma
virgem mostrando os seios a primeira vez, não era uma vergonha do corpo que me
preocupava, era só a ideia das pessoas admirando meus belos seios. Que coisa
vulgar! Mas é preciso alguma vaidade se você quiser ser escritor, é preciso
bravata para exibir os seios. Então, graças à disciplina, tenho deixado eles à
mostra por um tempo. Olhem para eles, que redondos, que lindos!
Willian
Carlos Sempre
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“Experimentações
poéticas do sensível”, mais do que um livro e uma eletiva, foi um reencontro
com um eu-autor há muito adormecido. Com a proposta de nos auxiliar na
tentativa de experimentar a posição de poetas, o curso me proporcionou diversas
reflexões sobre a poesia e suas potências, sobre o que posso enquanto artista e
sobre o que pode o texto quando perpassa o eu e a vida.
Além de
construir em mim novamente o hábito de observar o mundo atentamente, com olhar
renovado, sem o veneno do automatismo, a eletiva despertou em mim a vontade de
experimentar vivências outras por meio da literatura e da escrita.
“Experimentações poéticas do sensível” não só foi importante para mim como
estudante de letras e amante da poesia, mas como um corpo no mundo que a cada dia
tenta escapar das garras do conformismo.
yoh campos